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sexta-feira, 2 de julho de 2010

80 anos de poesia - Maria Quintana, 1.

Jazia no chão, sem vida,

E estava toda pintada!

Nem a morte lhe emprestara

A sua grave beleza...



Com fria curiosidade,

Vinha gente a espiar-lhe a cara,

Ad fundas marcas da idade,

Das canceiras, da bebida...



Triste da mulher perdida

Que um marinehiro esfaqueara!

Vieram uns homens de branco,

foi levada ao necrotério.


E quando abriam, na mesa,

O seu corpo sem mistério,

Que linda e alegre menina

Entrou correndo no Céu?!



Lá continuou como era

Antes que o mundo lhe desse

a sua maldita sina:

Sem saber nada da vida,

De vícios ou de perigos,

Sem saber de nada...



Com sua trança comprida,

Os seus sonhos de menina,

Os seus sapatos antigos!

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