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quinta-feira, 3 de maio de 2012

A CHAMADA "REVOLUÇÃO DE 1964"


Operacionalizada pelos militares, a "Revolução", golpe das classes dominantes contra governo legitimamente eleito, com todo o arsenal de arbitrariedades institucionais e torturas, em verdade foi mais um exemplo de caída-de-máscara da "Democracia Ocidental", máscara com feições da "democracia representativa", instrumento perverso concebido em fins do séc. XVIII na França e Estados Unidos justamente para impedir - sob a justificativa da falta de conhecimento, de discernimento e até de moral - o povo de chegar ao Poder. Inventou-se então esta velha gagá chamada eleições - o povo é "ignorante", então precisa ser representado, e só por gente "gabaritada".

Aqui no Brasil, o movimento social andava fortíssimo, demandas históricas mais uma vez arrastando multidões às ruas, na esperança de que, dado o governo com tendências sociais de João Goulart, as "reformas de base" se concretizassem. Mas as classes dominantes brasileiras, ferozmente tacanhas que são (nada dentre seus privilégios pode ser perdido, nem que seja para poupar vidas), temendo que as reformas citadas, através de uma desconcentração de renda, diminuíssem seus lucros, resolveram, sob a supervisão dos Estados Unidos, acabar não só com a "festa da democracia" e as liberdades individuais, mas também com a vida de quem lutava para que fosse restabelecida a legalidade. E assim foi abortada a possibilidade de uma verdadeira democratização, que implicaria um viver mais digno para todo o povo brasileiro.

Portanto, denunciamos a impostura das classes dominantes, que estão sempre a lembrar-nos de que a alternativa à falácia denominada sistema representativo é a ditadura militar, como se esta não fosse testa-de-ferro do mesmo capitalismo que ergueu a lona do "cirquinho" da representação. Hoje sai-se à rua, espaço público que agoniza ante a truculência dos interesses econômicos e da cultura do carro, para convocar a população à participação nos movimentos populares, única possibilidade de retomada da luta por justiça social, racial, e liberdade sexual.



Texto de Jefferson Matos,
Adaptação Luuh Henry.

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